domingo, 1 de outubro de 2017

Mulheres Negras Brasileiras nas Ciências Exatas

A presença de mulheres negras nas Ciências Exatas (ciência, tecnologia, engenharia e matemática)  é um exemplo de resistência.  Isso porque as mesmas historicamente enfrentam um campo que é, notadamente um dos que maior disparidade de gênero e raça. Em 2015, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mostrou em estudo que entre 91.103 bolsistas da instituição cursando pós-graduação, seja em formato de Mestrado, Doutorado ou Iniciação Científica, as mulheres negras que realizam pesquisas voltadas para ciências exatas são pouco mais de 5.000, ou 5,5%. Para essa mostra, foram selecionadas mulheres pioneiras, inovadoras e premiadas no campo das Ciências Exatas (ciência, tecnologia, engenharia e matemática).


Enedina Alves Marques 



Nasceu no dia 13 de janeiro de 1913, em Curitiba no Paraná. Formou-se engenheira no ano de 1945, sendo a primeira mulher negra no Brasil a se formar em Engenharia e primeira mulher a ter essa graduação no estado do Paraná. Se formou engenheira aos 32 anos pela Universidade Federal do Paraná, ao lado de 32 colegas homens. No Brasil, até o ano de 1940, apenas quatro mulheres haviam se formado em Engenharia pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro.
A monografia de doutorado “Rompendo Barreiras: Enedina, uma mulher singular”, apresentada em 2014 pelo  historiador Jorge Luiz Santana na Universidade Federal do Paraná e orientada professora Dra. Roseli Boschilia, evidencia sua trajetória e memória, mostra sua superação de barreiras sociais, econômicas e políticas  e étnicas, e dá visibilidade a uma pessoa que desafiou os padrões acadêmicos e sociais.

SANTANA, Jorge Luiz. Enedina Alves Marques: A Trajetória da Primeira Engenheira do Sul do País na Faculdade de Engenharia Do Paraná (1940-1945). IN: Revista Vernáculo. n. 28, 2o. sem./2011 Dossiê Estudos Afro-Brasileiros.



http://www.palmares.gov.br/archives/44290

 Sonia Guimarães





A primeira negra brasileira Doutora em Física, título adquirido pela The University Of Manchester Institute Of Science And Technology, e atualmente professora é professora adjunta do Departamento de Ciências e Tecnologia Aeroespacial do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
Possui graduação em Licenciatura Ciências - Duração Plena pela Universidade Federal de São Carlos (1979), mestrado em Física Aplicada pelo Instituto de Física e Química de São Carlos - Universidade de São Paulo (1983) e doutorado (PhD) em Materiais Eletrônicos - The University Of Manchester Institute Of Science And Technology (1989). Atualmente é professora adjunto do Instituto Tecnológico da Aeronáutica ITA e Gerente do Projeto de Sensores de Radiação Infravermelha - SINFRA, do Instituto Aeronáutica e Espaço - IAE, do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial CTA. Tem experiência na área de Física Aplicada, com ênfase em Propriedade Eletróticas de Ligas Semicondutoras Crescidas Epitaxialmente, atuando principalmente nos seguintes temas: crescimento epitaxial de camadas de telureto de chumbo e antimoneto de índio, processamento e caracterização de dispositivos fotocondutores.
Sempre se destacou nas escolas em que estudou, e relata ter sido a única negra em diversas situações da vida acadêmica. Hoje, na  posição de pesquisadora e professora, acredita que a educação é a única solução para mudar a realidade. Participa de eventos e palestras nos quais discute a presença da mulher no meio científico, especialmente as carreiras de exatas, além de discutir  a presença das mulheres negras enquanto produtoras de conhecimento e ocupantes desses espaços. É defensora pelos direitos à educação da população afro-brasileira.  É mantenedora da Universidade Zumbi dos Palmares (que tem cerca 87% de seus alunos negros).





Anna Maria Canavarro Benite (Anita Canavarro)



Doutora em Ciências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2005), Mestrado em Ciências (Química Inorgânica) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001), Licenciatura em Química e Graduação em Química Habilitação Tecnológica pela pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1998). Atualmente é Professora Associada e Coordenadora do PIBID QUÍMICA da Universidade Federal de Goiás.
Ativista do Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado. Coordenadora do Laboratório de Pesquisas em Educação Química e Inclusão- LPEQI da UFG. Coordenadora da Rede Goiana Interdisciplinar de Pesquisas em Educação Inclusiva-l RPEI. Membro da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros e da Associação Brasileira de Pesquisa em Ensino de Ciências. Assessora da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás.
Atua na área de Ensino de Química com foco nos seguintes temas: cultura e história africana no ensino de ciências, ensino de ciências de matriz africana, ensino de ciências e as necessidades educativas especiais, cibercultura na educação inclusiva e pesquisa em formação inicial e continuada de professores de química.
Instituiu em 2009 o Coletivo CIATA- Grupo de Estudos sobre a Descolonização do Currículo de Ciências. Este grupo advoga pela inserção, nos cursos de formação de professores de Química e nas disciplinas de Química oferecida aos outros cursos de graduação, de debates e discussões que privilegiem a relação entre a cultura e a educação, através da descolonização dos currículos de Ciências por meio do deslocamento epistêmico.
Representante do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Estado de Goiás. Ativista do Grupo de Mulheres Negras Dandara no Cerrado. Membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial – CNPIR. (2016/2018),Coordenadora da Rede Goiana Interdisciplinar de Pesquisas em Educação Inclusiva- RPEI. Membro da Associação Brasileira de Pesquisa em Ensino de Ciências e Presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN). Assessora da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Goiás.
Em 2013 recebeu o Diploma de Reconhecimento por ação cotidiana na luta pela defesa, promoção e proteção dos direitos humanos em Goiás; em 2014 – Honra ao Mérito pela Assessoria Especial para Direitos Humanos e Cidadania; em 2016- Prêmio Mulher Combativa pela Câmara Municipal de Goiás.
Sendo poetisa, tem poemas publicados, nos Ogun’s Toques Negrxs, Além dos Quartos: Coletânea Erótica Negra Louva Deusas, e nos Cadernos Negros.




Katemari Diogo da Rosa





De Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Katemari é graduada em Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestra em Ensino, Filosofia e História das Ciências pela Universidade Federal da Bahia, mestra em Science Education pelo Teachers College e doutora em Science Education pela Columbia University. Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal da Bahia. Tem experiência em pesquisa em ensino de física e formação de professoras e professores de física. Katemari parte de referenciais teóricos feministas, pós críticos e descolonizadores. Seus interesses envolvem a pesquisa e a prática em ensino de física, formação de educadoras e educadores, ensino de astronomia, física nas séries iniciais e discussões que envolvem as interseccionalidades de gênero, sexualidade, raça, etnia e status socioeconômico na construção e no ensino das ciências. Dentre seus artigos, podemos citar “A(pouca) presença de minorias étnico-raciais e mulheres na construção da ciência”, “Feminismos e ensino de ciências: Análise de imagens de livros didáticos de Física” e “Educational pathways of Black women physicists: Stories of experiencing and overcoming obstacles in life”



Denise Fungaro



Possui graduação em Química pela Universidade de São Paulo (1983), mestrado em Química pela Universidade de São Paulo (1987) e doutorado em Química pela Universidade de São Paulo (1993). Realizou Pós-Doutorado na Universidade de Coimbra, Portugal na área de eletroquímica aplicada ao Meio Ambiente. Atualmente é Pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN/SP). É coordenadora de Projetos de Pesquisa atuando principalmente nos seguintes temas: zeólita, adsorção, tratamento de efluentes, nanomaterial adsorvente de baixo custo, reciclagem de produtos da combustão de carvão e reciclagem de resíduos da biomassa. É orientadora de Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado e Supervisora de Pós-Doutorado. Recebeu o prêmio Kurt Politzer de Tecnologia 2016, categoria Pesquisador.

http://www.cnen.gov.br/ultimas-noticias/290-pesquisadora-do-ipen-ganha-premio-kurt-politzer-de-tecnologia-2016


Viviane dos Santos Barbosa

Mestre em engenharia química, a baiana Viviane dos Santos Barbosa , recebeu um prêmio numa conferência científica internacional realizada na cidade de Helsinki, na Finlândia, em 2010, vencendo a concorrência com 800 trabalhos científicos. Desenvolveu um produto que reduz emissão de gases poluentes. Sempre se envolveu na luta antirracista. No CEFET e na UFBA, foi do diretório acadêmico, e do diretório central dos estudantes.
CEDENPA. (2011). Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará. Mulher, Negra, Brasileira e Cientista de fama mundial. Disponível em: http://www.cedenpa.org.br/Mulher-Negra-Brasileira-e
UFBA. 2010. Ex-estudante do Pibic-UFBA recebe prêmio internacional na área de nanotecnologia. https://www.ufba.br/noticias/ex-estudante-do-pibic-ufba-recebe-pr%C3%AAmio-internacional-na-%C3%A1rea-de-nanotecnologia

Nadia Ayad



Engenharia de Materiais pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), Nadia Ayad ganhou competição mundial na qual foi premiada por desenvolver um dispositivo de filtração e um sistema de dessalinização que proporcionaria água potável para sistemas domésticos. O dispositivo funciona através da reciclagem de água, o que, por sua vez, reduz os custos de energia e conserva outros recursos necessários para a aquisição de água potável. Recebeu bolsa do Ciência Sem Fronteiras na  Universidade de Manchester, com estágio na Imperial College London. Defensora dasAções Afirmativas, acredita que diversidade é fundamental para a inovação.

 Joana D'arc Félix de Souza



PhD em química pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e professora na Etec Professor Carmelino Corrêa Júnior (Franca-SP). Soma 56 prêmios na carreira, com destaque para a eleição de 'Pesquisadora do Ano' no Kurt Politizer de Tecnologia de 2014, concedido pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abquim). Realiza diversos estudos de inovação na ciência, com destaque ao trabalho acerca de resíduos de curtume e o desenvolvimento de uma pele similar à humana a partir da derme de porcos.Incentiva seus alunos a realizarem iniciação científica e tomarem gosto pela ciência.

Débora Abdalla Santos



Possui graduação em Ciência da Computação pela Universidade Federal da Bahia (1990), mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Pernambuco (1993) e doutorado em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Pernambuco (2000). Atualmente é professora associada do Departamento de Ciência da Computação onde coordena desde 2004 o Onda Digital, programa permanente de extensão de inclusão sociodigital, vice-diretora do Instituto de Matemática e Estatística (2016-2020) e colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação (PGCOMP) da Universidade Federal da Bahia. É vice-líder e pesquisadora do Grupo de Pesquisa e Extensão em Informática, Educação e Sociedade - ONDA DIGITAL (UFBA), criado em 2014 e pesquisadora do grupo FORMAS - Formalismos e Aplicações Semânticas ? UFBA. Tem realizado trabalhos principalmente nos seguintes temas: inclusão sociodigital, informática na educação, educação em computação, computação e sociedade, ontologias, lógicas de descrições e web semântica.


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